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16.9.10

Terrorismo Imobiliário


TERRORISMO IMOBILIÁRIO



Quem desembarca no aeroporto Dois de Julho (a que deram outro nome, parece) e se dirige de automóvel para Salvador, mal sabe que muito perto desse ponto de partida passa ao lado de um crime. O visitante atraído pela beleza da cidade e pela fama cordial dos baianos escapa, assim, de sofrer um desengano. Se pudesse ver o espetáculo escondido por um resto de mato, o turista sensível talvez retornasse imediatamente, com o estômago embrulhado e a sensação de que a mítica Boa Terra está sendo violentada. Não há perigo: uma tênue cortina verde na Avenida Paralela encobre a visão obscena. Talvez essa faixa de arvoredo tenha sido poupada estrategicamente...



Para dar-se plena conta do crime, o visitante teria de penetrar na área velada. Suponhamos que ele possa fazê-lo: que um baiano extravagante o leve até Mussurunga em visita a um empreendimento em preparação. Suponhamos também que o guia matreiro, com jeito de personagem amadiano, imite as artes de Exu: dirá ao freguês (vamos imaginá-lo um aficionado do ecoturismo) que vai mostrar-lhe uma bela paisagem, um trecho de mata atlântica onde duas lagoas, lindas e piscosas, rodeadas por rica vegetação, servem de refúgio a jacarés e de bebedouro a vários outros animais da fauna tropical ainda encontráveis em nossa região metropolitana; acrescentará que nas proximidades dessas lagoas há moradores humildes, muito simpáticos, e que eles cultivam com carinho, à volta de suas casas, pequenos pomares, convivendo com a mata circundante de maneira harmônica. O guia malino só mentirá no tempo dos verbos: tudo era realmente assim até há pouco tempo...

Acompanhemos o visitante enganado. Chegando ao local, ele verá as lagoas aterradas, reduzidas a poças de água suja; notará que um cano de esgoto aí derrama sua matéria fétida, alimentando mosquitos e distribuindo imundície; nauseado pelo cheiro, recuará para dar com enormes montes de barro acumulados por uma escavadeira ainda visível nas proximidades. Esses montes artificiais fecham a visão e ameaçam desabar sobre as casas humildes que ainda resistem por ali. Parte da área verde transformou-se em estúpido aterro; podem ver-se em volta das lagoas extintas cadáveres de plantas esmagadas. Um muro recorta o espaço habitado: algumas das casas acham-se quase totalmente cercadas, como em um campo de concentração. Nosso turista, caminhando aos tropeços, logo encontrará ruínas, alicerces expostos, restos de paredes tombadas, tocos de árvores frutíferas cortadas. Talvez pergunte o que houve ali: um tufão, um bombardeio, uma batalha feroz? O guia lhe dirá, sorrindo com malícia: “Há um belo empreendimento imobiliário”. E explicará: os próprios moradores derrubaram suas casas e queimaram as árvores que plantaram, destruíram eles mesmos suas hortas. Foram as condições impostas para que, pelo menos, ganhassem alguma coisa antes de ir-se embora, intimidados por severa ameaça. Dois, três, quatro mil reais pelo cultivo de toda uma vida... (E mais a vida, que não é pouca coisa). Os renitentes ficaram cercados pelo muro e/ou pelos montes de barro que podem desabar a qualquer momento soterrando suas famílias, quando vier a estação chuvosa. Homens sisudos de vez em quando os procuram para propor o negócio que já tirou dali muitos moradores: “Peguem o dinheiro enquanto é tempo e desapareçam; do contrário, podem perder tudo... e mais alguma coisa ”. São conhecidos apenas pelos prenomes (Marcos é o mais notório) e não dizem jamais quem representam. A empresa age clandestinamente. Para facilitar o convencimento dos que ainda resistem, os capangas dedicam-se também a quebrar as lâmpadas dos poucos postes que iluminam a redondeza. Assaltantes que logo surgem se aproveitam bem da situação... “Por coincidência”, eles aparecem de imediato quando isto acontece.
Nosso pobre turista toma algum alento ao encontrar pessoas amáveis, homens e mulheres de pele escura que o rodeiam curiosos e o saúdam com a famosa cortesia baiana. Logo irá perguntar-lhes o que se passa. Porém o que ouvirá vai deixá-lo ainda mais estarrecido. Uma senhora com o braço na tipóia explica que ao derrubar a própria casa o vizinho apavorado fez com que um muro desabasse sobre um cômodo da residência dela, causando-lhe o ferimento. A senhora lesada procurou os homens que impuseram essa demolição. Marcos respondeu que não era com ele, nem com a firma: problema de quem fez a derrubada... E aconselhou a senhora a fazer como o vizinho



ORDEP JOSÉ TRINDADE SERRA

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